Como é a prova de redação do CP-CAP
- Mariane Safra
- 16 de set. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 13 de jan.
A prova de redação do CP-CAP é uma etapa fundamental para os candidatos que desejam ingressar em concursos militares. Em 2024, o edital trouxe mudanças significativas, especialmente no formato e nos critérios de avaliação da redação.

Estrutura e Formato da Redação
A redação do CP-CAP deve ser dissertativa-argumentativa, o que significa que o candidato precisa expor uma tese (uma opinião ou ponto de vista) e defendê-la com argumentos sólidos. Essa dissertação deverá ser escrita em língua portuguesa com clareza, coerência e objetividade, abordando um tema de relevância escolhido pela Administração Naval.
O tema será acompanhado por textos de apoio, que ajudam o candidato a refletir sobre o assunto, mas não podem ser copiados diretamente na redação. Isso exige que o participante elabore sua própria argumentação, utilizando-se de suas experiências e conhecimentos gerais.
Critérios de Avaliação
Os avaliadores levam em conta diversos aspectos ao corrigir a redação:
Adequação ao Tema e Tipologia Textual: A redação deve atender ao tema proposto e seguir as exigências do gênero dissertativo-argumentativo.
Desenvolvimento Argumentativo: O candidato precisa organizar suas ideias de forma coesa e lógica, aprofundando-se nos argumentos e selecionando bem as informações.
Repertório Sociocultural: A habilidade de integrar referências culturais e sociais é fundamental. O uso de exemplos apropriados e contextualizados fortalece o texto, mas deve ser feito de forma produtiva, ou seja, relacionando o repertório diretamente ao argumento apresentado.
Coesão e Coerência: O texto deve apresentar uma progressão clara e conectada entre as ideias, garantindo fluidez e sentido.
Modalidade Linguística: A gramática, ortografia e pontuação corretas são essenciais. Além disso, a letra deve ser cursiva e legível. Se o candidato optar por usar letra de forma (caixa alta), as maiúsculas precisam ser destacadas.
A redação é avaliada de forma a somar até 100 pontos, divididos em aspectos como gramática, estrutura, adequação ao tema e repertório cultural. Vale ressaltar que o candidato deve dar um título à redação, o que também compõe parte da avaliação
O Que Estudar para a Redação
Para se preparar adequadamente para a redação do CP-CAP, o candidato deve focar nos seguintes pontos:
Gramática e Ortografia: Revisar constantemente os aspectos fundamentais da gramática é crucial, assim como praticar a ortografia para evitar erros básicos.
Estrutura do Texto: Dominar a organização de introdução, desenvolvimento e conclusão é essencial para garantir a clareza e coerência do texto.
Leitura Ampla: Ler sobre temas diversos, de áreas como política, sociedade, cultura e meio ambiente, ajuda a enriquecer o repertório sociocultural.
Prática Regular: Escrever redações frequentemente é uma maneira eficaz de consolidar o aprendizado e identificar áreas que precisam ser aprimoradas.
Dicas Finais
Use o repertório de forma produtiva: Ao citar fatos históricos, conceitos filosóficos ou eventos atuais, sempre faça a conexão entre a citação e o argumento que você quer defender.
Cuidado com os textos de apoio: Lembre-se de que copiar trechos dos textos fornecidos na prova é proibido e pode levar à perda de pontos.
Organize bem seu tempo: A redação será realizada no mesmo dia da prova de Estudos Sociais, Ciências e Português, então é fundamental treinar para escrever dentro do tempo limite, sem comprometer a qualidade.
Exemplo de redação para o CP-CAP
A busca pela autonomia é uma característica marcante da sociedade contemporânea, na qual a independência e a liberdade individual são amplamente valorizadas. No entanto, essa valorização excessiva da autossuficiência pode levar ao isolamento e à solidão, à medida que as conexões sociais se tornam menos prioritárias. Nesse sentido, é necessário refletir sobre a relação entre a autonomia exacerbada e o aumento da solidão, ponderando se o distanciamento social é uma consequência direta dessa postura individualista.
A autonomia excessiva pode enfraquecer os laços sociais, promovendo o distanciamento e o isolamento. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, em sua obra “Amor Líquido”, as relações humanas na modernidade se tornaram mais frágeis e temporárias, o que contribui para o aumento da solidão. Ademais, quando o indivíduo prioriza a autossuficiência, ele tende a reduzir o contato social, acreditando que as interações são dispensáveis. Assim, esse comportamento alimenta uma cultura de isolamento em que a busca por independência se sobrepõe à importância das relações interpessoais, prejudicando o individuo e seus vínculos.
Além disso, o individualismo excessivo gera um ambiente em que o sucesso pessoal se torna o foco principal, deixando as conexões humanas em segundo plano. O filósofo Émile Durkheim, em seus estudos sobre anomia, defende que a desconexão social pode levar a crises de sentido e à solidão. Dessa forma, à medida que o indivíduo busca alcançar seus próprios objetivos de forma isolada, ele se afasta de seu círculo social, o que intensifica o sentimento de solidão. Logo, a autonomia, quando exacerbada, pode gerar uma desconexão emocional e social maléfica para a pessoa.
Portanto, a autonomia excessiva pode, de fato, resultar na solidão ao enfraquecer os laços sociais e promover um foco excessivo no indivíduo. Embora a independência seja importante, é necessário encontrar um equilíbrio entre a autossuficiência e as relações interpessoais. Por fim, o ser humano pode usufruir da autonomia sem se isolar de suas conexões sociais essenciais para o bem-estar.
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